quarta-feira, 30 de julho de 2008

As nossas fábricas de biodiesel

Há tempos, li que as fábricas de biodiesel portuguesas estão paradas.


Isto é extremamente grave para o nosso país, por várias razões.


1 delas é que, nestas fábricas, foram investidos mais de 700 milhões de euros (mais de 3,5 milhões de contos, em moeda antiga), que, até agora, foram deitados ao lixo. E isso não é nada bom para um país que quer ganhar a confiança dos empresários e dos investidores.


A mais importante, para mim, é que estamos a deitar ao lixo uma das melhores maneiras de nos tornarmos independentes na produção de energia, não dependendo do combustível fóssil derivado do petróleo que temos de importar. É que o que temos de pagar em importações de petróleo custa muito mais que estes 700 milhões de euros.


Segundo o que li, a grande culpa disto tudo é da recente alta dos preços dos cereais, que tornaram pouco atraente a aquisição de biodiesel pelas companhias de distribuição de produtos energéticos, deixando estas fábricas a laborar a pouco mais do que 60% da sua capacidade.


Ao assistir a isto, e, ao mesmo tempo, ver muitos dos nossos campos agrícolas ao abandono, e, para além disso, muita gente desempregada, porque não pegar nesses desempregados, e pô-los a cultivar cereais para produção de biodiesel nos campos abandonados, vendendo esses cereais aos elevados preços que têm estado? Não se realiza um bom lucro com isso? E, ainda por cima, cultivando campos incultos?


Muitos dirão que só existem obstáculos: Os desempregados não querem trabalhos braçais, os proprietários das terras vão querer mundos e fundos para que se possam trabalhar nelas, etc ...


No entanto, é uma questão de tomar medidas. Ser corajoso nessas medidas, ou não.


Para quem não quer fazer nada, tudo são obstáculos intransponíveis.


No entanto, se não aproveitarmos as oportunidades, outros aproveitam por nós, e nós ficamos a ver passar os comboios.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

A incompetência do PM

Este governo já nem legislar sabe.



Vejam as propostas de lei 209/X (Regime de Contrato de Trabalho em Funções Publicas) e 216/X (que altera o Código do Trabalho actualmente em vigor).



A 209/X é uma proposta originária da DGAEP (Direcção-Geral da Administração Publica), organismo sob a tutela do Ministério das Finanças, ou seja, do Teixeira "dos Bancos".



A 216/X é uma proposta originária do Conselho de Concertação Social, onde, pelo governo, tem assento o Ministro do Trabalho.



Acontece que a 209/X, que já foi aprovada na AR e só está à espera da assinatura do Cavaco para ser publicada em DR, remete, em muitos dos seus artigos, para o Código do Trabalho actualmente em vigor, e que é objecto de remodelação profunda (não sei se não estaremos na presença dum novo Código do Trabalho, tal a remodelação) pela Proposta de Lei nº 216/X, que está ainda para ser aprovada pela AR, sendo que muitos dos artigos "remetidos" do actual Código do Trabalho vão ser revogados pela proposta 216/X.



Ou seja, vamos ter uma lei novinha em folha a remeter diversos dos seus artigos para artigos revogados.



Isto tudo só pode acontecer porque o Ministério das Finanças não falou com o Ministério do Trabalho, ou seja, não houve coordenação entre eles.



Uma das competências do Primeiro Ministro não é, precisamente, a coordenação entre os seus ministros e respectivos ministérios? Será preciso completar o curso de engenharia para conseguir coordenar os ministérios?



Ao que isto chegou!



IN-COM-PE-TÊN-CI-AS.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Mais uma vez os combustíveis ...

Novos desenvolvimentos na crise dos preços de combustivel. Tem havido uma série de roubos de camiões-cisterna com combustivel lá dentro, já devidamente refinado, para vender o combustível nos bairros "problemáticos" (os antigos bairros "de lata") a preços de usura, mas ainda assim mais baratos que os preços praticados nos postos de combustivel.





No entanto, estes ladrões ate devem ser perdoados pela população.





Ladrão que rouba a ladrão, tem 100 anos de perdão.





No entanto, quem garante a qualidade deste combustível? Sabe deus a qualidade do combustível que sai dos postos de combustível normal (de vez em quando lá vêm uns litros de água misturados).



E a medição? Será que o que foi metido foi um litro, ou um quartilho?





E a segurança destes "postos" improvisados? As autoridades até nem se importavam que alguns dos bairros onde estão estes "postos" fossem "pelo ar".





CON-SE-QU-ÊN-CI-AS

Os pobres trabalhadores

Há dias, vi uma noticia a dizer que 35% dos portugueses que estão abaixo do limiar da pobreza estão empregados, ou têm regularmente trabalho.


Esse é um fenómeno novo, pois, até agora, só quem não tinha trabalho é que estava abaixo do limiar da pobreza.

As reacções que vi a esta noticia vão todas no sentido de condenar os baixos salários dos que trabalham em Portugal.

Esse argumento é verdadeiro, mas, quanto a mim, não explica tudo. É que a riqueza mede-se na poupança, e não nos rendimentos. E o que influencia, positivamente, a poupança, não é só ganhar mais, mas também gastar menos.


E a solução encontrada por esses "pensadores" é só aumentar os salários.

Quantos casos não há de pessoas que, na hora de comprar bens como a TV de Alta Definição, o telemóvel XPTO, e outros bens que não entram no cabaz de produtos essenciais, não fizeram as contas, nem pensaram no futuro?

Ouço falar de imensos casos desses, a grande maioria na classe média-baixa e classe baixa, precisamente os visados por tal artigo.


Isso também não explica tudo, pois acontece que o crédito bancário mal-parado (empréstimos pedidos aos bancos cujas prestações não foram pagas) tem aumentado muito. Trata-se duma das primeiras dívidas que estas pessoas "com a corda na garganta" deixam de pagar. Logo, segundo essas pessoas que reagiram à noticia da maneira a que aludi, já nem se trata disso, mas, sim, de cortar em bens essenciais, como comida, por exemplo.

Mas não começou tudo por aí? Em gastar o ordenado em coisas supérfluas, ainda por cima importadas? Ou seja, lá foi o dinheiro a voar para o estrangeiro ... Culpam os bancos por isso, mas nunca vi ninguém assinar um contrato de empréstimo obrigado, nem os bancos impedem que os seus clientes façam as contas ou deixem de ler todo o contrato. Lá que são chatos, são, mas os clientes têm boas medidas contra, nomeadamente desligar-lhes o telefone na cara, não assistir a publicidade (RTP2 e as rádios da RDP dão uma grande ajuda), etc ...

Também o facto dos trabalhadores que trabalham em Portugal não terem o habito de ir para os grandes centros comerciais sem listas de compras não ajuda nada à poupança. É só botar para o carrinho, se não houver saldo no banco, pagamos com o cartão de crédito, nada de contas nem de preocupações, tudo "prá frentex".

Tudo isto são factos que contribuíram para esta situação. Em nenhuma delas há culpas a assacar ao governo, nem, sequer ao vizinho do lado. Em qualquer uma destas situações, a culpa é, em ultimo caso, toda de cada uma das pessoas em causa.

Já o mesmo não acontece com a recente alta dos preços, que foi provocada pela enorme subida do preço dos combustíveis e pelos especulativos preços dos cereais. Aí, os governos têm de acabar com esta pouca vergonha, sob pena de serem arrancados do poleiro por tumultos que evoluirão para revoluções sociais. Mas esta crise é só uma grande onda que vem cobrir de água o afogado.

É certo que, se os salários forem aumentados, as pessoas irão usar o aumento para pagar as dívidas, começando pelas essenciais. No entanto, depois de se habituarem ao salário aumentado, lá voltam a gastar, desta vez ainda mais dinheiro, nas mesmas coisas supérfluas, assim voltando ao mesmo.

Os trabalhadores que trabalham em Portugal, na sua grande maioria, actualmente, não têm margem de manobra para poupar. Mas, mesmo que pudessem, desconfio imenso que não saberiam poupar, pois essa noção é tratada pela sociedade como "ultrapassada" e "do tempo dos nossos avós", ou seja, poupar não está na moda.

E, ao gastar, vão continuar a gastar em produtos importados, precisamente aqueles que não dão emprego a nenhum residente em território nacional.

Para muitos, sempre foi chapa ganha, chapa gasta.


NÃO HÁ MI-LA-GRES!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Temos que exportar!

Acabaram de sair as previsões do FMI para a economia portuguesa em 2008.

Prevêm um crescimento anual "anémico", na orla dos 1,2% do PIB.

No entanto, não foi esta previsão que me chamou a atenção. Foi, muito mais, o facto deles se terem alongado para além disso, o que é inusitado, e demonstra a preocupação que estão a ter com a evolução da nossa economia.

O que eles vêm dizer é que, ou os Portugueses baixam o défice da balança comercial, ou têm de poupar muito mais do que poupam. Nada que não soubéssemos, ou que não suspeitássemos, muito embora não tenhamos tomado medidas, a nivel individual, pois estamos sempre à epera dum qualquer milagre.

Como a grossa maioria do pessoal não consegue poupar um níquel sequer, como a poupança do Estado está como se sabe (a ter de controlar o défice orçamental, o Estado não consegue formar poupança, pois, quando existe um défice orçamental, é porque acaba a gastar mais que o previsto), e como as empresas não conseguem poupar (há cada vez mais caloteiros, começando pelo próprio Estado), temos que dar a volta à situação pela redução do défice da balança comercial.

Sendo assim, eu mesmo só vejo 5 medidas, que devem ser consideradas em conjunto (muito embora a adopção duma destas medidas não implica a adopção de mais nenhuma das outras):

1ª) O Estado permitir a compensação de saldos (ou seja, quem deva IVA ao Estado, mas que tenha a receber IRS do Estado, deve pagar, ou receber, pela diferença de entre estes 2 saldos - esta medida permite a injecção de algum dinheiro, e a disposição de bens que têm sido arrestados pelo Fisco duma maneira estupida);

2ª) Incentivos fortes, inequivocos mesmo, à exportação de bens e serviços, quer para países da União Europeia, quer para os outros países. Temos que ser agressivos nisso (e ultrapassar o risco de não conseguirmos cobrar a esses clientes. Se os nacionais não têm dinheiro, não vão pagar pelas compras que fazem). Para começar, podem consultar o link http://a.icep.pt/negocios/oportunidades.asp;

3ª) Ainda mais fortes incentivos ao estabelecimento de industrias que tragam muito valor acrescentado, ou seja, industrias que consigam comprar matérias primas ao preço da chuva, e venda o seu produto ao preço do ouro (no fundo, transformar 1 grão de areia num diamante);

4ª) Pôr todos os portugueses em idade activa a frequentar exigentes cursos de formação profissional, de modo a aumentar a capacidade dos portugueses em lidar com as máquinas. Como cada vez mais trabalhamos com máquinas à nossa frente, temos que saber trabalhar com elas, de modo a tirarmos o máximo proveito delas. Só assim é que conseguimos aumentar a produtividade, e não com aumento das horas de trabalho (que só vêm aumentar o risco de acidentes no trabalho)

5ª) Os portugueses voltarem a emigrar em massa.

Há sempre quem se lembre que o FMI falhou mais previsões do que acertou (relembrar a Argentina aqui à 4/5 anos). No entanto, estes avisos já foram emitidos anteriormente, por outras entidades, e são coisas que fazem sentido a quem, como eu e quem ler esta mensagem em Portugal, vive o dia-a-dia neste "jardim à beira-mar plantado".

Se não fizermos nada disto, estamos TRA-MA-DOS

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Será que "W" evoluiu?

Hoje vi, num jornal, que os EUA põe a hipótese de abrirem uma secção de interesses em Teerão, capital da Republica Islâmica do Irão (IRN, não confundir com a sigla do Instituto de Registos e Notariado, muito embora não sei se há assim tantas diferenças).

Se isto for avante, quer dizer que bastou ao Irão adquirir segredos de fabrico de energia nuclear, e ensaiar uns misseis, para que a intenção de "W" Bush de invadir este país (ou deixar que seja Israel a fazê-lo) não passasse de mero "bluff".

Mas, se bem me lembro, o Iraque, antes de ser invadido, foi acusado pelos EUA de "W" de ter acesso a armas de destruição massissa, já tinha ensaiado os seus misseis, e desde a 1ª guerra do golfo que não tinha nenhuma representação diplomática em Bagdade.

Então, qual é a diferença entre o Iraque e o Irão?

Será que um é filho e o outro entiado?

Ou será que "W" reconheceu (mas não em termos públicos) que fez burrada no caso da invasão do Iraque, e, perante a mais que provavel repetição da história em caso de invasão do Irão, recuou, finalmente dando mostras de ter senso comum?

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Crise nos bonecos de natal

Vieram a publico as dificuldades que os fabricantes (e comerciantes) chineses de produtos de Natal estão a ter para escoar os seus produtos, devido às medidas de segurança implementadas pelas autoridades chinesas para a realização dos Jogos Olímpicos de Pequim.

Um ponto prévio: Os produtos que compramos cá na altura do natal, são vendidos na China nesta altura de Junho e Julho, a comerciantes, na enorme maioria deles, estrangeiros, que visitam a China para escolher, inspeccionar (produtos e fábricas) e comprar. Tamanha antecedência é necessária por causa de arranjar transporte para colocar os produtos no Ocidente.

Acontece que, com as medidas de segurança, já caracterizadas de "extremas" pelos poucos turistas que conseguem obter visto para entrar na China, esses comerciantes viram, sem saber, aumentados os prazos de concessão de vistos duma maneira inusitada, o que está a inviabilizar a ida desses comerciantes a território chinês. E, sem eles irem lá, não compram, pois não confiam nos chineses para lhes comprarem coisas com bases em catálogos de produtos chineses na Internet.

As medidas de segurança vão ao extremo de já não emitirem vistos de multipla entrada (versão especial de visto de turismo para excursionistas), e de poderem (e fazerem) vistorias surpresa aos vistos dos turistas mesmo dentro dos hoteis.

Quem diria que os já apregoados de Jogos Olímpicos mais lucrativos de sempre, estão, isso sim, a dar cabo doutras actividades económicas chinesas?

IR-ON-IAS

segunda-feira, 14 de julho de 2008

As crianças obesas em Portugal

Acabou de sair uma noticia a dar conta que as crianças portuguesas com 11 anos de idade são as mais baixas e pesadas dum conjunto de 11 países europeus analisado.

Mais baixas, nunca foi novidade, mas mais pesadas?!?

É o resultado de sucessivos erros na alimentação das nossas crianças, pois muitas vezes opta-se pelas comidas cheias de calorias, pois são mais baratas (no imediato) e levam menos tempo a confeccionar.

No entanto, os pais esquecem-se que a maior parte da factura vem com as despesas de saúde associadas à obesidade e à sua companheira diabetes.

A matéria é complexa, pois, muitas vezes, o mal é feito, não pelos alimentos em si, mas pelo exagero das quantidades em que são consumidos.

No entanto, não valerá a pena fazer o esforço de encontrar soluções para este problema, de modo a salvar as nossas crianças, e, de certa maneira, salvarmo-nos desta situação?

Não seria melhor promover o exercício físico, nomeadamente o uso de bicicletas nas nossas deslocações diárias?

Tudo é bom para prevenir ataques cardíacos, diabetes, doenças coronárias, má circulação sanguínea, etc ...

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Governo Sócrates vs Polícias

Nestes dias, tivemos, em termos de forças policiais, algumas situações que me deixam muito preocupado.

1º, foi a estória que havia agentes de diversas forças policiais implicados numa rede de espionagem ilegal. Esta situação veio a por a nu a fragilidade do estado, pois se civis tem tanta facilidade para montar uma rede desta, imagine-se a Al Qaeda ou algum serviço secreto estrangeiro.

2º, a adopção da lei de segurança interna, que leva criticas de bastantes sectores ligados às forças policiais, demasiados para meu gosto. Para não falar do facto do Ministro da Defesa ter vindo a terreiro criticar esta lei ...

Por ultimo, esta noticia que acabou de sair, a dizer que a PJ tinha um serviço secreto dentro da sua estutura orgânica, facto de que já "alguem" suspeitava. A PJ veio negar os factos da noticia, mas, infelizmente, os desmentidos não garantem nada.

Um ponto comum a tudo isto: Há um divórcio entre a classe política nacional e as nossas forças policiais. Parece mesmo que o poder político deixou as nossas polícias ao abandono. Um outro facto a somar a isto é o facto do Ministro da Administração Interna não ter nenhum peso político dentro do Governo ou do partido que o apoia.

É claro que o governo está muito interessado em saber quem são as chefias policiais. Parece-me é que não liga nenhuma aos oficiais de média patente e aos seus subordinados, pois deixa-os andar para aí mal pagos, a terem de pagar a farda do seu bolso, em esquadras muitas delas sem codiçoes de trabalho nem segurança (relembremos o assalto à esquadra da PSP em Moscavide à meses), com carros demasiado velhos para perseguições a criminosos, etc ...

Uma polícia desmotivada gerará insegurança, primeiro, e o caos, depois. Mas este governo parece não ligar nenhuma ...

TRIS-TE-ZAS

sexta-feira, 4 de julho de 2008

A nossa política de asilo

Não costumo apresentar 2 posts no mesmo. De facto, até já passei alguns dias sem por aqui nenhum post.

No entanto, não posso deixar de estar estupefacto com o facto de Jean-Pierre Bemba ter estado entre nos, especialmente no Algarve, durante mais de 1 ano, até ao passado dia 24 de Maio.

Esta personagem encontrava-se acusado de "crimes contra a humanidade", pelo Tribunal Penal Internacional sediado na capital dos Países Baixos (Haia), por ter ordenado cinco crimes de guerra e três crimes contra a humanidade cometidos pelo Movimento de Libertação do Congo comandado por Jean-Pierre Bemba, quando este movimento, derrotado pelo exército regular (se assim se pode dizer) da Républica Democrática do Congo (ex-Zaire - onde já tinha feito 'merda', mas sem provas), se refugiou na vizinha República Centro-Africana, onde começou a cometer massacres, e a tentar derrubar o poder instituído nesse país.

As autoridades portuguesas, mais uma vez, deixam entrar um carniceiro, do tipo Idi Amin Dada (Uganda) ou Jean-Bédel Bokassa (Republica Centro Africana - muito curioso), pelas nossas fronteiras dentro, como já tinha acontecido com João Bernardino (Nino) Vieira (Guiné Bissau). No entanto, desta vez, pelo menos formalmente, é mais grave, pois Nino não tinha emitido contra ele nenhum mandato internacional de captura. Se o Mobuti Sese-Sekou (o antigo ditador do Zaire) tivesse escolhido o nosso país em vez da Cote de Azur francesa, nenhuma autoridade portuguesa iria lá chateá-lo.

É este o país que foi o primeiro a acabar com a pena de morte? E com a escravatura? Parece-me que as autoridades nacionais, nestes nossos tempos, estão piores do que há séculos!

IR-ON-IAS

O homem que é mãe

Não, hoje não vou escrever sobre os viúvos que têm de tomar conta dos seus filhos.

É sobre o homem que decidiu engravidar e ter um bebé.

Os aspectos da coisa são engraçados. O bebé, neste caso uma menina, nasceu do pai, e não da mãe. Muito embora, em termos biológicos, tenha só dois pais, pois nasce da barriga dum homem, com sémem doado por um outro homem.

Será que, a partir daqui, teremos casais de gays, em que um deles decidirá ser mulher, de modo a poder engravidar? Ou, ainda mais arrojado, teremos casais de gays, em que um deles decide passar a ter só o aparelho genital femenino, de modo a poder engravidar?

Para além disso, quem vai amamentar esta criança, pois o pai, na transformação de mulher para homem, perdeu os seios? Será que a criança vai sofrer fisicamente com o processo?

Toda esta situação merecia ser acompanhada, quer pelos especialistas ligados às àreas em questão, quer pelos media, para podermos formar opinião sobre estas novas potencialidades que a ciência nos abre.

O que dirá a igreja católica disto tudo?

Às tantas, terá de convocar novo concílio, do estilo do "Vaticano II", para se adaptar a este mundo em constante mudança.

IR-ON-IAS

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Os gays e Ferreira Leite

Estou acostumado a escrever aqui acerca de assuntos que penso serem de interesse muito para além do imediato. Hoje, cá vai mais um, embora a dimensão do seu interesse não seja imediatamente visivel.

Na sua última entrevista à TVI, Manuela Ferreira Leite afirmou-se contra o casamento entre homosexuais, sem que a entrevistadora tenha insistido muito na pergunta. Acontece que, na interpretação que foi feita dessas declarações por alguns deputados à Assembleia da Republica, a actual presidente do PSD estava-se ao referir meramente ao nome, não se opondo à união entre homosexuais reconhecida pelo Estado, desde que com outro nome.

Esta questão, muito embora possa ser encarada como um "fait-diver", é importante para a vida de muitas pessoas, especialmente para as pessoas visadas e seus familiares, para além de acabar com uma hipocrisia que é o Estado não reconhecer a união entre homosexuais, mas o Fisco (mais um aspecto em que este aparece como um Estado dentro do Estado) permita receber declarações conjuntas de rendimentos (Modelo 3 do IRS) de 2 pessoas do mesmo sexo. O mesmo se passa com os estrangeiros declarados como ilegais por não terem autorização de residência em território nacional, mas que são obrigados a pagar impostos e segurança social, mas isso é outra estória ...

Se Manuela Ferreira Leite quiz mesmo dizer o que aqueles deputados pensam, acaba por estar a entrar numa hipocrisia ainda maior, pois acaba por ter medo do nome. Ou seja, o pensamento será "eles devem ter a sua união reconhecida pelo Estado, mas não se deve chamar 'casamento' pois Deus e a Igreja Católica (entre outros) iriam boicotar a minha vida enquanto líder do PSD". No entanto, e como não se chama casamento, provavelmente não teria os mesmos benefícios que tem a instituição "casamento", nomeadamente o cônjuge (não sei se poderei chamar assim) viúvo (ou viúva, não sei) não contar para efeitos da quota legítima no direito sucessório, nem para receber a pensão de vida do falecido (ou falecida, conforme os casos), entre outras situações ...

Desta vez, e em virtude de tudo isto, apetece-me gritar:

HI-PO-CRI-SI-AS!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

As penas que apanhamos ao sermos governados por esta gente

Hoje, decorre 1 ano desde que começou a ser aplicado o novo (que já deixou de o ser) Código de Processo Penal.

Se bem me recordo, na base desta revisão da legislação, estavam boas intenções, muito embora sempre me pareceu que estavam a tentar construir o edifício começando pelo telhado.

Na altura, pensei que se deveria tentar, na prática do dia-a-dia, dar meios aos agentes judiciais para que estes conseguissem fazer as coisas em menos tempo, e, depois de conseguido isso, alterar a legislação.

Mas isso sou eu, que, provavelmente, serei maluco da cabeça ...

Para além de não terem dado mais meios aos agentes judiciais, fixando-lhes, ao mesmo tempo, objectivos realistas, diminuem-lhes os prazos com os mesmos meios. Ou seja, para o governo, não havia razão para os prazos serem "tão longos", o que há é uma "'cambada' de agentes judiciais que não querem trabalhar, e é por isso que as coisas não andam". Mais uma vez, aparece o governo a atirar as suas culpas para os outros.

O resultado está à vista. Esta revisão só serviu para baixar o défice, e o nº de prisioneiros nas nossas cadeias, o que é excelente para apresentar na União Europeia.

Não só este comportamento, mas toda uma série de comportamentos adoptados pela classe política nacional desde o tempo das privatizações, denunciam que a ideia do PSD de Cavaco Silva de "menos estado, melhor estado", deu menos estado, mas pior estado, pois passamos a ser governados por gente que, como uma vez ouvi dizer a Paulo Portas, "não sabe quanto custa passar um cheque". Para este tipo de gente, as responsabilidades governativas são uma "maçada", logo quanto menos, melhor. Para esta gente, o principal objectivo das privatizações não foi o de ganhar dinheiro com as "asneiras dos comunistas" (como eles chamavam às nacionalizações), mas sim o de se livrarem de grandes fontes de problemas, onde se arriscavam a que toda a gente visse a sua incompetência.

Afinal, o PS e o PSD não tinham apoiado as "nacionalizações" na altura do PREC?

Na minha opinião, os partidos são compostos por pessoas, como qualquer pessoa colectiva. No entanto, naquela altura, em geral, só ia para política gente que, antes disso, tinha feito algo, ou seja, não iam para a política para enriquecer e para ganhar contactos. Nem toda a gente era boa, mas havia muita gente situada em posições políticas de topo que estavam nesses postos para fazer obra e engrandecer o país. Infelizmente, não vejo isso hoje em dia.