sexta-feira, 18 de julho de 2008

Temos que exportar!

Acabaram de sair as previsões do FMI para a economia portuguesa em 2008.

Prevêm um crescimento anual "anémico", na orla dos 1,2% do PIB.

No entanto, não foi esta previsão que me chamou a atenção. Foi, muito mais, o facto deles se terem alongado para além disso, o que é inusitado, e demonstra a preocupação que estão a ter com a evolução da nossa economia.

O que eles vêm dizer é que, ou os Portugueses baixam o défice da balança comercial, ou têm de poupar muito mais do que poupam. Nada que não soubéssemos, ou que não suspeitássemos, muito embora não tenhamos tomado medidas, a nivel individual, pois estamos sempre à epera dum qualquer milagre.

Como a grossa maioria do pessoal não consegue poupar um níquel sequer, como a poupança do Estado está como se sabe (a ter de controlar o défice orçamental, o Estado não consegue formar poupança, pois, quando existe um défice orçamental, é porque acaba a gastar mais que o previsto), e como as empresas não conseguem poupar (há cada vez mais caloteiros, começando pelo próprio Estado), temos que dar a volta à situação pela redução do défice da balança comercial.

Sendo assim, eu mesmo só vejo 5 medidas, que devem ser consideradas em conjunto (muito embora a adopção duma destas medidas não implica a adopção de mais nenhuma das outras):

1ª) O Estado permitir a compensação de saldos (ou seja, quem deva IVA ao Estado, mas que tenha a receber IRS do Estado, deve pagar, ou receber, pela diferença de entre estes 2 saldos - esta medida permite a injecção de algum dinheiro, e a disposição de bens que têm sido arrestados pelo Fisco duma maneira estupida);

2ª) Incentivos fortes, inequivocos mesmo, à exportação de bens e serviços, quer para países da União Europeia, quer para os outros países. Temos que ser agressivos nisso (e ultrapassar o risco de não conseguirmos cobrar a esses clientes. Se os nacionais não têm dinheiro, não vão pagar pelas compras que fazem). Para começar, podem consultar o link http://a.icep.pt/negocios/oportunidades.asp;

3ª) Ainda mais fortes incentivos ao estabelecimento de industrias que tragam muito valor acrescentado, ou seja, industrias que consigam comprar matérias primas ao preço da chuva, e venda o seu produto ao preço do ouro (no fundo, transformar 1 grão de areia num diamante);

4ª) Pôr todos os portugueses em idade activa a frequentar exigentes cursos de formação profissional, de modo a aumentar a capacidade dos portugueses em lidar com as máquinas. Como cada vez mais trabalhamos com máquinas à nossa frente, temos que saber trabalhar com elas, de modo a tirarmos o máximo proveito delas. Só assim é que conseguimos aumentar a produtividade, e não com aumento das horas de trabalho (que só vêm aumentar o risco de acidentes no trabalho)

5ª) Os portugueses voltarem a emigrar em massa.

Há sempre quem se lembre que o FMI falhou mais previsões do que acertou (relembrar a Argentina aqui à 4/5 anos). No entanto, estes avisos já foram emitidos anteriormente, por outras entidades, e são coisas que fazem sentido a quem, como eu e quem ler esta mensagem em Portugal, vive o dia-a-dia neste "jardim à beira-mar plantado".

Se não fizermos nada disto, estamos TRA-MA-DOS

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